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sábado, 25 de setembro de 2010

Perfil - Armando Vara


Armando Vara

Armando António Martins Vara (Vilar de Ossos, Vinhais, 19 de Fevereiro de 1954) é um político português e administrador bancário[1]. Estudou Filosofia na Universidade Nova de Lisboa, tendo abandonado a universidade sem obter o diploma de licenciatura. Em 2004, antes de ter qualquer licenciatura, obteve um diploma de Pós-Graduação em Gestão Empresarial no ISCTE. Mais tarde obteve o diploma de licenciatura no Curso de Relações Internacionais na agora defunta Universidade Independente, três dias antes [2] [3] da sua nomeação para a Administração da Caixa Geral de Depósitos, cargo que deixou de exercer para assumir a vice-presidência do Banco Comercial Português[4].

Um mês e meio depois de ter abandonado a Caixa Geral de Depósitos para assumir a vice-presidência do Banco Comercial Português, foi promovido no banco público ao escalão máximo de vencimento, o nível 18, o que terá reflexos para efeitos de reforma [5].

Carreira política e profissional

Foi deputado à Assembleia da República nas IV, V, VI e VII Legislaturas.

Em 1991 foi candidato a presidente da Câmara Municipal da Amadora, tendo perdido para a CDU. Foi vereador durante algum tempo.

No governo de António Guterres foi primeiro a secretário de Estado da Administração Interna (1995-97), depois a secretário de Estado adjunto do ministro da Administração Interna (1997-99).

Após a vitória eleitoral do PS em 1999, tornou-se ministro adjunto do primeiro-ministro (1999-2000), com os pelouros da juventude, toxicodependência e comunicação social.

Vara recorreu ao director-geral do GEPI (Gabinete de Estudos e Planeamento de Instalações do Ministério da Administração Interna) e a engenheiros que dele dependiam para projectar a moradia que construiu perto de Montemor-o-Novo[6][7].

Em 2000, passou a ministro da Juventude e Desporto.

Ainda em 2000 viu-se forçado a pedir a demissão ao surgirem notícias sobre alegadas irregularidades cometidas pela Fundação para a Prevenção da Segurança Rodoviária, que fundara no ano anterior, quando era secretário de Estado, processo que seria posteriormente arquivado.

Em Outubro de 2009, Armando Vara foi constituído arguido no âmbito da operação Face Oculta, desencadeada pelo Departamento de Investigação Criminal de Aveiro[8]; seguiu-se, em Novembro do mesmo ano, a suspensão do seu mandato de vice-presidente do Millennium BCP[9].

Suspendeu em Novembro de 2009 as funções que desempenhava no BCP, renunciou ao cargo a 2 de Julho e recebeu 260 mil euros de indemnização[10].

Em Setembro de 2010 foi contratado como Presidente do Conselho de Administração da Camargo Corrêa África, tendo assim a seu cargo as actividades da empresa brasileira em Moçambique e Angola[11].

Notas e referências



20 anos de política para ir de Vinhais a gestor bancário


Foi afirmando-se num distrito difícil para o PS, Bragança, onde nasceu há 55 anos, que Armando Vara conquistou espaço no PS. Por aí chegou a deputado. Antes da política foi funcionário da CGD na sua terra natal, Vinhais.

Aconteceu o mesmo, aliás, com José Sócrates, só que em Castelo Branco - e os dois são amigos de há muito. Vara foi eleito deputado pela primeira vez em 1985 e Sócrates, um pouco mais novo (tem 52 anos), na legislatura seguinte, 1987.

Em 1995 o PS regressa ao poder e os dois são nomeados secretários de Estado: Vara da Administração Interna (sendo Jorge Coelho o ministro) e Sócrates do Ambiente (com Elisa Ferreira a ministra). A ascensão de Guterres à liderança do PS (1992) fez-se assente em homens do aparelho como Vara e Sócrates.

A vida (política) começou a correr-lhe mal nos finais de 2000 (era ministro da Juventude e do Desporto). Soube-se aí que, na sua passagem pelo MAI, tinha criado uma fundação de direito privado, mas financiada pelo erário público, para organizar campanhas de prevenção rodoviária, a Fundação para a Prevenção e Segurança. Deixa o Governo no final desse ano, numa demissão muito pressionada por Jorge Sampaio, então PR.

Entre Sócrates e Vara há outro ponto comum no "currículo": são ambos licenciados pela Universidade Independente (Vara em Relações Internacionais, Sócrates em engenharia). E um personagem comum: o catedrático de engenharia António José Morais, actualmente acusado de corrupção por causa de um concurso para a construção de uma central de compustagem na Cova da Beira.

Morais - cuja militância no PS se iniciou na Covilhã, onde também se iniciou a carreira política do actual primeiro-ministro - foi professor de Sócrates em quatro das cinco disciplinas com que este completou engenharia. Antes tinha desempenhado cargos no MAI por escolha de Vara.

Em 2002, o agora arguido do processo "Face Oculta" deixa a política. Torna-se director na CGD. Em 2005 sobe a administrador. Em Fevereiro de 2008, quando para o BCP avança toda a equipa da CGD, torna-se vice-presidente deste banco.

Vara acusado de exercer influências

Armando Vara, ex-governante e vice-presidente do BCP, é citado como tendo exercido influências junto do ex-ministro Mário Lino para servir os interesses de um empresário. José Penedos, líder da REN e histórico do PS, também é arguido.

Durante meses, a Polícia Judiciária não largou Manuel Godinho, dono do grupo empresarial de Ovar a que está ligado a "O2 - Tratamento e Limpeza Ambientais SA." e o único dos 13 arguidos do processo "Face oculta" que se encontra detido.

Escutou-o ao telefone e em vigilâncias constatou encontros, um pouco por todo o país, em que aquele empresário tentava resolver problemas de falta de contratos, bem como um contencioso que mantinha com a Refer, relativo a um processo por suposto roubo de carris na linha do Tua, em Macedo Cavaleiros, em que a empresa pública exigia uma indemnização de 105 mil euros.

De acordo com informações recolhidas pelo JN, a investigação dá como assente que, através de contactos com Armando Vara, Fernando Lopes Barreira (empresário e fundador da Fundação para a Prevenção e Segurança Rodoviária) e Paulo Penedos (advogado e filho do presidente da REN), Manuel Godinho chegou a exercer influências com vista à demissão do presidente da Refer.

No processo, há referências em escutas a contactos de Armando Vara com o ministro das Obras Públicas, Mário Lino, e a um alegado conhecimento do problema por parte do primeiro-ministro, José Sócrates. Há ainda referências à secretária de Estado Ana Paula Vitorino, relutante em destituir o presidente da Refer.

Mas a preocupação principal de Godinho era angariar negócios para as suas empresas. E para tal terá tido um grande apoio de Armando Vara, que lhe apresentou um alto quadro ligado à EDP Imobiliária e abriu portas a outro influente elemento na Galp. Efectivamente, o dono da "O2" teve relações comerciais com estas empresas, através de concursos e consultas públicas, além de importantes negócios com a REN, alegadamente obtidos sob influência de Paulo Penedos, filho de José Penedos - o presidente daquela empresa de capitais públicos, constituído arguido após o regresso de uma viagem a Madrid.

Acreditam os investigadores que Vara terá efectuado supostos favores a Manuel Godinho a troco de uma contrapartida de 10 mil euros em notas. Pelo menos, um tal pedido é descrito como tendo acontecido à mesa de um almoço no restaurante "Mercado do Peixe", em Lisboa, a 23 de Maio passado. Dois dias depois, esta verba terá sido entregue ao antigo ministro do PS no seu gabinete nas instalações do Millennium-bcp, em Lisboa. Seguiu-se uma reunião, na EDP, com um dos contactos angariados por Armando Vara, na EDP. Findo o encontro, o agora administrador do Millennium ter-se-á manifestado agradado com o seu bom resultado.

Entre Vara e Godinho ocorreram mais almoços no "Mercado do Peixe", mas também em Ovar, na casa do empresário, e em Vinhais, terra do antigo ministro. Todos os encontros foram seguidos pela PJ. Neste contexto, o Ministério Público dá como assente que Godinho contactou Vara e Lopes Barreira precisamente para usar a influência, real ou suposta, junto de políticos e empresas públicas sempre para servir os seus interesses.

"Afirmo que estou inocente", diz Armando Vara

Armando Vara, vice-presidente do Millennium-bcp e um dos 13 arguidos da operação "Face Oculta", garante estar inocente. "Fui ontem [quarta-feira] notificado ter sido constituído arguido em processo já tornado público [...]. Afirmo que estou inocente, pelo que aguardo com o maior interesse as provas que as autoridades venham a exibir relativas ao meu envolvimento no processo, o que por certo será efectuado em sede própria", lê-se numa nota interna enviada aos colaboradores do banco. "Esclareço ainda que estou absolutamente convicto de que as actuações que desenvolvi, enquanto titular de cargos públicos e gestor de empresas, se pautaram por rigorosos critérios de ética quer na conduta pessoal quer na conduta profissional, pelo que, estou seguro que a investigação em curso confirmará que as suspeitas levantadas carecem de qualquer fundamento", sublinha. O BCP mantém confiança no administrador.

(Fonte: Jornal de Notícias e Diário de Notícias)

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