Artur Baptista da Silva intitulava-se professor catedrático.Fotografia © Reinaldo Rodrigues/Global Imagens
Nos seus
contactos profissionais, Artur Baptista da Silva fornecia a "sua"
tese de doutoramento, "Growth, Inequality and Poverty, Looking Beyond
Averages", um documento plagiado a um quadro do Banco Mundial.
Para além de consultor das
Nações Unidas, Artur Baptista da Silva intitulava-se professor catedrático, com
o grau obtido numa universidade americana com a tese ""Growth,
Inequality and Poverty, Looking Beyond Averages", a qual fornecia aos seus
interlocutores. Porém, trata-se (ver ficheiros em anexo) de um plágio de um
trabalho de Martin Ravallion, quadro do banco Mundial.
Quem é afinal Baptista da Silva?
Não se apagaram ainda os ecos das intervenções mediáticas do
falso funcionário da ONU,Artur
Baptista da Silva, que veio dizer à RTP, por sms, que está a ser “alvo
de chacina de carácter” (link indisponível). O Expresso e Nicolau Santos pediram desculpa, reconhecendo que
erraram ”ao dar como adquirido que a informação que estava a
ser prestada era fidedigna e não carecia de confirmação.”
O cartão de visita com
que se apresentou ao Expresso mostra que o homem cuidou de construir a personagem
de funcionário da ONU usando rituais e símbolos socialmente aceites: o cartão
de visita e “uns papéis” do seu estudo, como disse Nicolau Santos na Antena
1. Todos, mesmo os que agora se mostram indignados, acreditaram nele ou, pelo
menos, não duvidaram da sua identificação, desde ministros que com ele
integraram “comissões de honra”, até economistas, gestores, académicos, entre
outros, que com ele participaram em eventos e debates públicos.
Mas há várias coisas estranhas e curiosas neste
caso:
- Até ao momento não se sabe verdadeiramente quem é nem o que
faz a criatura. O DN afirma que «nos seus contactos
profissionais, Artur Baptista da Silva fornecia a “sua” tese de doutoramento, “Growth, Inequality and Poverty,
Looking Beyond Averages”, um documento plagiado a um quadro do Banco Mundial.» Mas os textos a que o DN
chama “teses”, não são teses mas sim artigos académicos de 27 páginas, sem
identificação da data e local de publicação.
- Também não se sabe como é que Baptista da Silva foi convidado
pelo Grémio Literário para ser orador numa conferência, se foi
ele que se ofereceu, como fez com o Expresso, e nesse caso se a ONU foi
contactada pelos organizadores ou como é que ele conseguiu insinuar-se junto de
tão prestigiada instituição.
- Também não se compreende como é que até agora a ONU não se pronunciou,
dado o impacto, até internacional, do assunto e a usurpação e abuso feitos do
nome da organização.
- Depois, como
é que este homem anda a enganar tanta gente há tanto temposem
ser descoberto?
- Há também o facto, não dispiciendo, de em Portugal haver
muitos doutores só de nome sem que ninguém se incomode com isso, porque
não só estes ao ser chamados “doutores” se sentem mais importantes, como
também quem assim os nomeia se sente “promovido” por tratar com um “doutor”.
- Finalmente, o mais importante é o facto de o “falso”
Baptista da Silva ter surgido num momento em que o discurso governamental
é incoerente e sem credibilidade, constantemente
desmentido por instituições nacionais e internacionais e pela realidade
vivida pelos portugueses. O terreno estava, pois, preparado para acolherum discurso diferente e que pareceu coerente,
que devia, apesar de vindo de um impostor, ser desmontado.
1.
Oopst….o impostor sabia demais
2.
A ONU puxa as orelhas ao governo português
A TESE DE DOUTORAMENTO DO QUADRO DO BANCO MUNDIAL A TESE DE DOUTORAMENTO DE ARTUR BAPTISTA DA SILVA
ONU confirma burla de Artur Baptista da Silva
Agora são as próprias Nações Unidas que confirmam que Artur Baptista da Silva não está ligado à ONU. Numa resposta à Agência Lusa, Adam Rogers, responsável do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, diz que desconhece o incidente em Portugal e confirmou que Artur Baptista da Silva não faz parte da organização.
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