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sexta-feira, 29 de abril de 2016

SABORES DO PORTO

O Porto é genuíno. Não há paciência para os que não dão umas boas-vindas calorosas e não possuem as boas regras gastronómicas das pessoas do Norte de Portugal. O Porto é uma bolha que conserva a comida e o vinho que poderia encontrar há uns 50 anos atrás numa pequena aldeia portuguesa.

As famosas sandes da Flor dos Congregados.

Travessa dos Congregados 11, +352 22 2002822


Este restaurante com 162 anos foi um dos primeiros a existir na baixa portuense e ainda é gerido pela mesma família, a Dourado. Aqui pode experimentar uma das sanduíches mais saborosas do Porto: a Terylene. Trata-se uma sanduíche dupla com lombo de carne guisada e presunto defumado, e que leva mais de 24 horas a ser preparada. Sim, leu bem, mais de um dia! O lombo de porco é marinado em vinho, alho, cebolas, tomates, alecrim, oregãos, malaguetas e leva um toque de magia que dura mais de 20 horas. A seguir é assado num forno de lenha durante mais de 3 horas... No final é servido numa sanduíche dupla, com o lombo de porco na base e o presunto defumado por cima. É a versão portuense de comida lenta (slow food). Acompanhe com um copo de vinho da Bairrada.

Arroz de cabidela do Rei dos Galos de Amarante. 
Rua das Taipas 121, +351 222 057 297

Se quiser perceber plenamente a gastronomia portuguesa terá de visitar este sítio obrigatoriamente. Porquê? Fácil. Porque neste pequeno restaurante gerido por uma família, poderá experimentar petiscos únicos que caracterizam a gastronomia do Norte de Portugal. Desde perna de cabrito assada, dobradinha, pato assado e à jóia da coroa: arroz de cabidela – guisado de galinha caseira com arroz, temperado com o sangue da mesma, e vinagre. Não soa tão bem com sabe, mas acreditem, é uma verdadeira delícia. Para experimentar este manjar dos deuses, tem de encomendar o prato com dois dias de antecedência, pois a galinha está na quinta dos donos, Rodrigo e Maria Rosa, em Amarante (a 60km do Porto). Tudo em nome de comida com qualidade! O sentimento familiar é fortemente cultivado e os clientes mais fiéis até têm os seus nomes bordados nos guardanapos.


A salada de polvo da Adega Quim.
Rua da Madeira 226-230, +351 222433146


A Adega Quim é um pequeno espaço aberto há 50 anos e é um "porto seguro" para aos viajantes famintos que chegam à estação de comboios de São Bento. Aqui os petiscos e as sandes dominam as opções do menu. Os panados - a versão portuguesa do schnitzel de Viena -, e claro, a omnipresente salada de polvo – polvo cozido, pimentos verdes e vermelhos, cebola, salsa e muito azeite. A minha sugestão é que se sente ao balcão e que não se assuste se lhe derem uma caixa de palitos para fazer de talheres. Se não for tão aventureiro, pode pedir para os petiscos serem servidos dentro de uma carcaça para levar (a minha versão favorita). Abre bastante cedo (às 6h00), por isso, se pernoitar, este é um bom sítio para ir.

Os filetes de polvo fritos da Casa Aleixo.
Rua da Estação 216, +351 225370462

Se perguntar a algum local onde pode comer os melhores filetes de polvo fritos, a resposta vai ser: na Casa Aleixo. Virada para a estação de comboios de Campanhã, não há como não ver e é um dever lá ir. Foi fundada por um senhor da Galiza, e depois comprada por Ramiro Gonçalves, sendo agora gerida pelo seu filho, também Ramiro. O Sr. Ramiro Gonçalves (pai) teve a ideia de fazer filetes de polvo fritos, e para assegurar a máxima qualidade ia diariamente à Póvoa de Varzim (35km a Norte do Porto) para comprar os polvos mais frescos. E a tradição mantém-se. Cada refeição é preparada no “laboratório” (a cozinha) e o vinho vem da "farmácia" (a adega). No final da refeição, será convidado a deslocar-se à “sala da tortura” para tomar café e pagar a conta.

As iscas de bacalhau da Tasca da Piedade.
Rua do Ouro 223, +351 226170206

O nome atual é Adega Rio Douro (por estar virado para o rio), mas é conhecida por todos como Tasca da Piedade, nome da proprietária. Esta tasca também é famosa pelo seu fado vadio - música tradicional portuguesa cantada por não profissionais, todas as terças à tarde, das 16h00 às 19h00. Enquanto ouve a música, pode experimentar muitos petiscos portugueses, tal como moelas de galinha guisadas, croquetes de carne, bifanas, e a jóia da coroa, iscas de bacalhau - lombo de bacalhau cozido envolto numa omelete de salsa. A simbiose entre a comida e a música é garantida, pois tudo aqui é feito com paixão. Se tiver sorte, ainda ouve o dono a cantar alguns fados.

As bifanas picantes da Conga.
Rua do Bonjardim 314-318, +351 22 2000113

Perto da Câmara do Porto encontra-se a Conga, mais conhecida como a Casa das Bifanas, e está aberta desde 1978. No menu pode encontrar muitas das delícias portuenses e portuguesas, mas tem de experimentar a especialidade da casa: a bifana. É uma sanduíche de carne de porco, em que a carne é cozinhada num molho especialmente picante. Este molho é a parte mais importante desta iguaria e a sua receita é um tesouro sagrado. Imagino que leve molho de tomate, cerveja, e uns pimentões ultra-potentes. Se gosta de comida picante, este é o seu lugar.

Os rojões da Casa Nanda.
Rua da Alegria 394, +351 22 5370575

A Casa Nanda situa-se na rua da Alegria e começou por ser uma tasca. Aqui encontrará algumas das tradições gastronómicas mais antigas do Porto. A chef Fernanda, cujo nome está pendurado sobre a porta, é uma senhora adorável e uma cozinheira de verdadeiro talento, que torna difícil deixar de fora qualquer prato do menu. Mesmo assim, a minha escolha final vai para os rojões – cubos de porco fritos com picles e batatas fritas. A carne é extremamente tenra e suculenta...

O cozido à portuguesa da Adega Vila Meã.
Rua dos Caldeireiros 62, +351 222082967

O Sr. Armando e a Sra. Francisca são os donos de uma das jóias escondidas da gastronomia portuense – a Adega Vila Meã. O restaurante encontra-se perto da estação de comboios de São Bento, e no seu interior poderá experimentar os intensos sabores portugueses: desde bacalhau e vitela guisada, a filetes de pescada fritos e porco grelhado. Além destas saborosas opções, o restaurante é conhecido pelo seu cozido à portuguesa – um marco da cultura da cozinha tradicional portuguesa. Este prato é preparado com carnes de primeira qualidade: enchidos, vitela e galinha, barriga de porco, toucinho, todo o tipo de carne fumada, e legumes, tais como couves, cenouras, nabos e batatas. As doses são enormes, por isso, lembre-se que esta seja talvez a única refeição do dia!

O queijo "caganita" da Taberna do Largo.
Largo de São Domingos 69

Este lugar é relativamente recente, pois abriu em fevereiro de 2013, e situa-se na Ribeira, no Largo de São Domingos. Este restaurante ambiciona trazer para o Porto um pouco de cada região de Portugal. O seu foco está em produtores de pequena escala e em trabalhar diretamente com eles. As proprietárias, Joana e Sofia, têm conseguido uma ampla seleção de comida típica de todo o país. Há três coisas aqui que merecem atenção: o vinho, a muxama e o queijo. Muxama é atum fumado que vem do Algarve e bastante difícil de encontrar no Porto. Experimente com ovos mexidos e doce de tomate. A sua seleção de queijos cobre o país inteiro, incluindo os Açores e o queijo picante de São Jorge. Para mim, um dos queijos mais incríveis é o “caganita”. Um queijo amanteigado e saboroso de Alcains e que é servido aqui com azeite quente e ervas.

As pataniscas da Taberna Santo António.
Rua das Virtudes 32, +351 22 205 53 06

Este pequeno restaurante familiar encontra-se ao lado de uma das mais bonitas vistas do Porto, no Passeio das Virtudes, e é gerido pelo Sr. Vítor e pela Sra. Hermínia. Toda a gente é tratada como família e a comida é feita com o coração. Língua de vaca assada, alheira grelhada e iscas fritas em molho de cebola são alguns dos muitos petiscos que a Sra. Hermínia prepara. Este é o melhor sítio do Porto para: bacalhau, pataniscas e mousse de chocolate. As pataniscas são feitas de ovo, salsa, farinha e bacalhau desfiado, e servidas com arroz de feijão. A mousse de chocolate é feita todos os dias pelo Sr. Vítor, na hora em que o último cliente sai do restaurante. Mas o que a torna tão especial? O facto de o Sr. Vítor não usar nenhum auxílio elétrico para o fazer, e de a sua receita ser um segredo dos deuses. Peça um shot de aguardente para acompanhar a mousse e vai perceber porque é que esta sobremesa me deixa louco.

FotoS: Nelson Carvalheiro

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